Psicanálise com criança, direção do tratamento.
- alexandra machado
- 8 de mar. de 2015
- 2 min de leitura

Crédito sinuswelle/fotolia.com
A criança mesmo antes de nascer já está mergulhada no mundo da linguagem, há um discurso que a precede; como pode-se ver em Mannoni:
"a maneira pela qual uma criança é marcada não somente pela maneira como é esperada antes do seu nascimento, como também pelo que vai ela em seguida representar para um e outro dos pais em função da história de cada um. Sua existência real vai chocar-se assim com as projeções paternas inconscientes donde vem os equívocos. Se a criança tem a impressão de que todo acesso a uma palavra verdadeira lhe é vedado, pode em certos casos procurar na doença uma possibilidade de expressão."
O pressuposto de que pais e filho estão implicados entre si, faz-se admitir que na cena analítica os pais estão sempre presentes através do discurso da criança. Segundo Lacan, a criança poderá ocupar diferentes lugares na estrutura familiar, no desejo do Outro; podendo dar diferentes respostas à esse desejo, refletindo as consequências no seu processo de constituição como sujeito.
Esse processo de análise com criança tem a proposta, já que é do comportamento infantil o brincar, em deixar a criança livre para se expressar da maneira que lhe convém. Brincando a cirança irá expressar suas fantasias reprimidas, seu incoonsciente. Mesmo que a Psicanálise de criança tenha sofrido mudanças desde Freud até hoje, o brincar sempre foi foco, pois através dele existe a possibilidade da criança ressignificar suas angústias, reorganizando e percebendo a realidade vivenciada por ela.
O que escutamos na análise com criança, seja através da interação verbal, seja pelo desenho, pelo jogo, não é a infância ideal, mas a criança que em seus sintomas aponta o atravessamento simbólico que dá margem à constituição de um desejo que a situa como sujeito dividido e enredado pela linguagem.
Portanto, para a psicanálise, na efetividade de um tratamento, o que a criança apresenta e o que escutamos, é uma forma de estruturação perante as questões que são produzidas em detrimento da relação com o Outro e suas leis. Cabe ao analista, no tratamento da criança, devolvê-la a função, o campo da palavra e da linguagem em sua vida.
Alexandra Machado
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