Famílias
- alexandra machado
- 27 de mar. de 2015
- 2 min de leitura

Com a polêmica sobre os novos arranjos familiares, decidi buscar explicar como funciona essas questões de maternidade/paternidade para a psicanálise, que na verdade está muito mais preocupada em falar em funções materna e paterna, mas antes de entrar nesses conceitos psicanáliticos cabe frisar que a compreensão dos conceitos sobre família, paternidade, maternidade e filiação não são conceitos naturalizados, mas constituem-se em definições que são culturais, ou seja, produções humanas ao longo dos séculos.
Para a psicanálise a figura do pai é fundamental para a construção da personalidade e da sexualidade dos filhos, no entanto, não é desse pai padronizado, universalizado que temos como conceito. O pai, a paternidade liga-se a um papel ou função simbólica a qual o "pai"(nem sempre o pai real) deve desempenhar na estruturação psiquica da criança. Sendo assim a paternidade uma estrutura eminentemente funcional.
Da mesma importância, a função materna é a peça chave na construção do psiquismo do sujeito. É a mãe, ou quem estiver nessa função, priemiro grande Outro, que empresta ao filho seu olhar, sua voz, seu seio, seus movimentos, até ele poder apropriar-se de si mesmo, para mais tarde ter sua alteridade. Ao interpretar os anseios do bebê, a "mãe"inscreve as necessidades biológicas no campo da linguagem. Assim, a "mãe"ao antecipar uma unificação corporal para seu filho, como pulsionar seu corpo através dos cuidados e carinhos, tem o poder de transformar em linguagem o que era o puro real do bebê. Segundo Lacan, a mãe faz a "gestão"de um lugar para o filho, a partir do qual poderá encontrar significantes que o representem no mundo.
No entanto, se no início a fusão entre mãe e filho é necessária, depois a entrada de uma presença terceira é fundamental para liberar a criança do apriosionamento do desejo materno.
A partir desse entendiento das funções, compreende-se que tanto a função materna quanto a função paterna está para além da conjugalidade mulher-homem / homem-mulher. Tornar-se mãe ou tornar-se pai passa a depender muito mais da história individual de cada um dos pais e de uma lógica do desejo do que de um modelo de família nuclear tradicional.
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