Eu ideal x Ideal do eu
- alexandra machado
- 2 de set. de 2015
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Para falar dos conceitos de eu ideal e ideal do eu, é necessário antes definir o que é o Eu para a Psicanálise.
O eu é visto através do conceito de narcisismo, onde Freud disse que o eu seria também permeado pelo erotismo, levando em consideração que perpassa no mesmo as pulsões de autoconservação e a razão, no qual passa a marcar o seu funcionamento e os seus destinos. Então existiriam as pulsões do eu, de ordem sexual, e não apenas as pulsões de autoconcervação no campo do eu. Com isso, o campo da sexualidade passou a se polarizar entre o eu e os objetos, sendo ambos investidos libidinalmente, existindo assim a libido do eu e a libido do objeto, ou seja, o eu passou a ser concebido como libidinalmente investido, cedendo parte desta libido para o mundo dos objetos. O sujeito existe na oscilação contínua entre os campos do eu e do objeto, regulando a distribuição de seus investimentos libidinais.
Nessa perspectiva define-se então os conceitos de eu ideal e ideal do eu. No qual o eu ideal, o sujeito considera o seu eu como o seu próprio ideal, não existindo qualquer alteridade no campo psíquico, sendo o próprio eu a única medida do sujeito, isto é, ele estaria no mundo da onipotência originária a qual chamamos de narcisismo primário. Uma dimensão imaginária, limitada e idealizada, relacionada ao narcisismo dos pais, conferindo ao sujeito uma sensação, como já falei à cima, de onipotência. Em outras palavras, este investimento no próprio eu permite que o sujeito ame a si mesmo em uma dimensão narcísica.
No entanto, no registro do ideal do eu, o sujeito é marcado no seu ser por um ideal que lhe transcende. Aqui, a alteridade se faz presente, pois o sujeito não considera o seu próprio eu como o próprio ideal, reconhecendo a existência de algo que lhe ultrapassa. Faz presente nessa operação o narcisismo secundário. Contudo, se o ideal do eu que regula a existência do sujeito delinea o percurso do mesmo, entra-se na ordem do inatingível, por ser esse eu da ordem do comprometimento em ter o sujeito de ser, fazer, cumprir determinadas demandas para se sentir amado e reconhecido.
O corte entre o eu ideal e o ideal do eu seria segundo Freud regulado pela angústia de castração, ou seja, o sujeito passaria a se regular também pelas trocas intersubjetivas.
Para Birman, seria por esse deslocamento que o amor de si encontraria uma espécie de equilibrio relativo com o amor do outro, já que no regsitro do eu ideal o amor de si engoliria completamente o amor do outro.
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