Demanda x Desejo no processo analítico
- alexandra machado
- 9 de out. de 2015
- 2 min de leitura

Para entender melhor esses dois conceitos, começarei descrevendo um e outro.
O desejo em psicanálise, em um primeiro momento, está contido na marca da relação com a pulsão, fundindo-se numa assimetria com o objeto. Para Freud, o desejo está relacionado com a sexulaidade infantil, como aquilo que produz o sonho a partir de uma insatisfação que se representa na linguagem do pulsional. Já em Lacan, vemos uma ruptura na ideia de equidade entre o pulsional e o desejo, no qual o desejo é marcado por uma relação intrínseca com a ordem do biológico, com as necessidades e com a ordem linguageira da demanda de amor.
Dessa distinção de conceitos entre Lacan e Freud, Lacan introduz uma distinção entre demanda e desejo. No qual, para ele, o desejo não pode ser dito, sendo algo que não se consegue dizer dentro do que se diz. Miller, vem apontar o desejo para uma impotência da palavra, numa ordem da impossibilidade. O desejo pode ser descrito de acordo com a falta, sendo a mesma, o seu motor, a sua causa, onde falta um objeto, e que é essencial que o objeto reencontrado nunca seja o adequado. O desejo é algo constituido nesse vértice entre a necessidade e o amor, do ponto em que tal necessidade se transforme em demanda por sua contingência insuficiente e este amor é alienado por esta necessidade. Ou seja, o desejo pode ser pensado como algo constituido imaginariamente, enquanto essa demanda condena o sujeito ao simbólico.
A demanda parte de uma ideia de pedido, isto é, ela tenta em seu pedido ao Outro, preencher uma falta impossivel de ser preenchida na falta-a-ser que é o sujeito. O apelo à satisfação das necessidades vitais do homem é sempre endereçado a um Outro, e por isso mesmo ganha um estatuto de demanda de amor. Por isso que dentro de um processo de análise, deve-se no inicio, a demanda ser abandonada. A desistência de tal pedido, isto é, da demanda, pode ser relacionada com a destituição subjetiva, na qual, segundo Miller, perde para o sujeito toda a possibilidade de obter um lugar no Outro.
Mediante ao desejo e a demanda, a entrada em análise precisa ser solicitada, no entanto, o sujeito que faz essa demanda de análise naão sabe o que está pedindo. Isto é, necessita-se não de uma demanda determinada, para que se aceite um sujeito em análise, mas de um desejo que segundo Miller, não tem nada a ver com o imperativo, com a urgência, a pressão, e que é escutado entre as palavras, ainda que este desejo, sempre escape às palavras.
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